Não descartem suas minhocas, encaminhe-as!

Em um texto publicado originalmente no Blog da Sociedade Brasileira de Zoologia em maio de 2024, e recentemente publicado no periódico Biodiversity, os autores listados abaixo fazem um apelo para que pesquisadores que trabalhem com ou que coletem indivíduos da fauna edáfica preservem adequadamente e encaminhem o material coletado para instituições que têm condições de armazenar adequadamente este material. O artigo contém listas de pessoas e instituições aptos a receber este material preservando-o para futuras pesquisas e evitando a perda desse patrimônio genético.

Aproximadamente um quarto da fauna mundial vive no solo e o Brasil é um país mega diverso, com alta riqueza de espécies de invertebrados edáficos. Portanto, muito material de pesquisa coletado em solos brasileiros pode conter informação importante que não deve ser desperdiçada.

Após realizar o árduo trabalho de campo, coletando amostras de solo e da fauna edáfica, é necessário realizar o igualmente árduo trabalho subsequente de limpar, ordenar, catalogar, e finalmente, conservar e manter as amostras para estudos posteriores. Infelizmente, ao longo do tempo, temos visto muitas situações lamentáveis onde não houve a dedicação necessária à conservação e manutenção, que são rotina em museus e coleções zoológicas. Isso tem ocorrido, especialmente, em instituições com infraestrutura ou apoio limitado para conservar amostras de fauna. Consequentemente, muitas amostras coletadas para trabalhos de disciplinas da graduação ou pós-graduação, de iniciação científica, ou até para dissertações de mestrado e teses de doutorado são descartadas e/ou perdidas, por não haver infraestrutura ou local disponível para acomodar o material, e mantê-lo como parte de uma coleção com os devidos cuidados curatoriais.

Sendo assim, se estiver coletando fauna edáfica ou epi-edáfica usando armadilhas dos tipos Pitfall ou Provid ou extratores do tipo Winkler, Berlese, ou Tulgren, ou até mesmo usando a catação manual com o método do TSBF (Tropical Soil Biology and Fertility) entre em contato com especialistas para que possam receber seus exemplares como doação. Até mesmo se encontrar minhocas, particularmente minhocuçus, em coletas esporádicas na sua propriedade ou em outros locais, guarde os animais (seguindo instruções no final desse texto), e avise os especialistas! Assim, se poderá evitar a perda desse patrimônio genético, garantindo sua conservação efetiva!

Embora o texto foque nas minhocas, os autores ressaltam que esse procedimento pode ser igualmente aplicado a muitos outros táxons da fauna edáfica ou epi-edáfica frequentemente coletados usando os métodos acima citados, particularmente os artrópodes e moluscos. Porém, para alguns desses grupos são necessários cuidados especiais, diferentes daqueles detalhados aqui para as minhocas. Portanto, caso tenham exemplares de outros táxons que desejem encaminhar, sugerimos que entrem em contato com museus zoológicos regionais ou estaduais, para que eles possam aconselhar sobre o processamento, preparação, envio e recebimento de seus materiais.

Confira, na íntegra do texto disponível em inglês neste link e em português na versão revisada para a SBCS no arquivo em PDF abaixo. Ali poderão encontrar uma lista de coleções zoológicas que podem ser consultadas sobre exemplares de minhocas coletadas no Brasil visando identificar aquela que esteja mais próxima, e que possa receber o material e ainda uma breve introdução ao material de maior interesse dos autores: as minhocas. O artigo publicado em inglês, contém mais informações sobre coleções estrangeiras.

Confira, abaixo, a íntegra do texto em português!

O texto anexado é de autoria de:

George G. Brown: Embrapa Florestas, Colombo, PR, Brasil. E-mail: george.brown@embrapa.br

Marie L.C. Bartz: Universidade Federal de Santa Catarina, Curitibanos, Santa Catarina, Brazil.

Luis M. Hernández-García: Universidade do Estado do Maranhão, São Luís, MA, Brasil.

Marcelo V. Fukuda: Museu de Zoologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.

Samuel W. James: Maharishi International University, Iowa City, IA, USA.


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